AMOR E AMOR-PRÓPRIO

Não vincule sua vida a alguém que não seja você mesmo.

Agir assim não é ser contrário ao amor.

Mas, antes, é ter amor-próprio, que é o fundamental.

Amar alguém é dar e permitir que seja livre.

Sentir-se feliz com o vôo alheio.

Contra o amor não existem fronteiras.

Querer, para si, a companhia alheia é parte do amor.

Isso, quando acho que minha companhia,

por eu ter afeição por ti, te fará mais livre.

Mas o amor não deve ser paternalista.

Quem ama deve entender que o amado

sabe decidir por si, que tem vontades e quereres.

Se é pela liberdade, o amante deve entender:

quereres e vontades compõem uma liberdade.

O amado pode decidir por não ficar com você.

Aí, se grande parte do seu sentimento é Querer...

Não deve ficar triste, se o amado está feliz.

Mas quando o querer é grande demais, dói muito, eu sei.

Quando você põe à frente da liberdade alheia o seu querer,

não age em nome de um amor-próprio,

mas com profunda ignorância ou grande egoísmo.

Quem se ama e vê nisso razão, apóia seus próximos.

Tão logo eu negue a liberdade de alguém

estarei permitindo que alguém negue a minha também.

Ficaria eu tão triste se alguém me impedisse

de ter a possibilidade de ficar dois instantes contigo!

Não desejo, portanto, isso nem a meu inimigo.

Se o amado não quer você isso não deve doer.

Pois sua liberdade deve fazer-me feliz, se amo mesmo;

e porque ser pela liberdade alheia é ter amor-próprio.