Sensações

Ás seis da tarde,

o frio me lambe

os pés e as mãos

e já não consigo

alcançar o sentido.

Não tenho a palavra

Apenas o frio

que me sobe em ondas

calorosas até a nuca

enrijecendo meus ombros

e o sentido me escapa

a palavra fica

dentro de uma atmosfera rarefeita

a garganta fecha

e a mão, fria, treme.

Nesse instante, sem máscaras

e nua, possuo pés e mãos gelados

Nesse ato não me reconheço por completo

Mãos , pés e nuca

denunciam este fato...

têm vida própria

me escapam

Na ânsia de uma harmonia inexistente,

tentei

sem muita paixão

equilibrar essas partes

tão distintas em formas e temperatura

e como uma aranha,

fui construindo uma teia

feita de sensações

mas presa nos alicerces das palavras

mas já era tarde

tarde na noite