INDEFINIDAMENTE...

Se fui quem pensei que fosse...Já não sei.

Alguém escondido em mim escreve os versos,

que jogados no papel vão dar em qualquer parte...

Ou em parte alguma...Tudo depende do vento.

Sinto o silêncio invadindo todas as minhas horas.

Finjo numa alegria disfarçada a solidão que me agoniza.

As portas da noite se abrem sem que eu possa entrar.

Assim como o vento não pode esconder seu sopro,

não consigo esconder a sufocante dor do corpo...

E o destino desses versos talvez seja morrer de desgosto,

imersos nas lágrimas que não choro...Mas estão coladas no rosto.

Pouco sou do pouco que penso de mim mesmo, reles preposto.

Meus sonhos antes suspensos nos ares, hoje são o oposto.

Há os que me vêm sorrindo sem saber do meu sofrer infindo.

No peito um amor calado, finge constantemente estar sendo amado.

O que me resta é o doce abraço da lua, as estrelas na rua

e o consolo bondoso da poesia que em amplos versos,

seja lá por que alma escritos, não me deixa cair no descalabro.

Ando tão vazio...Calado...Frio, mal consigo mover o passo.

Saudades e lembranças adejam diariamente no meu espaço...

E o fogo dessa paixão vai deixando um rastro de assombrosas dores,

onde tudo se mistura com nada e vive e morre indefinidamente...

(Poema premiado no 5º Festival de Poesia, Dezembro/2004, da Universidade

Federal de São João del' Rei/MG.Incluído em Antologia).

Paulo de Barros
Enviado por Paulo de Barros em 03/05/2005
Código do texto: T14581