Lembranças

Quando a noite veio

Naquela noite de verão

E trouxe lembrança antiga

Uma tristeza imemorial

Das nossas mãos distantes

Eu vinha te procurar

E percorrí as velhas alamedas

E entre os lampiões do passado

Cheguei aquí

Trago em minhas mãos

Os lirios Florentinos

Que amavas tanto

Inertes dos teus beijos

E dos encantos

Olho o teu retrato

E diante ao teu retrato

Eu me contemplo

Como um marinheiro

Que enlouqueceu no cais

" Porque tanta saudade, vida?

Tempo, porque nos lembramos?

Porque a memória não despedaça,

Porque a alma não desintegra,

Porque tanta eternidade na dor? "

Num ímpeto de imortalidade

E com a força de um titã

Entro na moldura e te abraço

E saímos pela noite a brincar .