TSUNAMIS

Ondas gigantes

Como muralha de águas

Devoram as praias

De modo rompante

Derrubam as árvores

Inundam os portos

Arrastam os vivos

E retornam com os mortos

Invadem as casas

Como o ladrão da manhã

Levando consigo

Tudo que há pela frente:

Carros, corpos e gente.

O lamaçal se torna corrente

Não há lugar de refúgio

Todos estão inseguros

Não há nada sólido

Tudo é pó – ou lodo sem rosto.

O paraíso de outrora

Foi engolido sem hora

Por um mar de horrores

E o dia ensolarado

Perdeu suas cores.

As ilhas mudaram de rumo

A terra se cambaleou

(Perdendo seu prumo)

O dia tornou-se mais longo

Mesmo que na fração de um segundo.

Como relíquias antigas

Casas se tornaram ruínas

Prédios tombaram de vez

E os caminhos perderam sua sina

Maior perda foi humana

E a atmosfera local

Foi inundada

Pelo choro das vítimas

Que gritavam inconscientes

E sufocada

Pelo grito dos inocentes

E o silêncio constante

Dos cadáveres mudos

Afogados no mesmo instante

Deixou a todos surdos

Pelo estrondo de um vazio distante

Como o som das trombetas

O barulho das almas gritantes

Dos homens de todas as idades

Clama por mais piedade

À natureza inclemente

Maltratada há séculos incontáveis

Pela intolerância

Dos homens ignorantes

E pela ignorância

Dos homens intolerantes.