DESERTO INCONSTANTE

Será que devo acreditar em ti ?

Já te proibi inúmeras vezes

de falar que me ama.

Diga, por exemplo

que me queres na cama.

Seria bem mais honesto

não causaria ilusão, querida.

e, quando um dos dois partisse

não abriria a ferida

o adeus, seria só mais um gesto.

Meu coração é um bunker

cercado

de arame farpado

e, mesmo assim tu insistes.

jurando que ainda me quer.

Resisto às tuas investidas

e continuo a ser um Saara,

árido – sem arbustos de paixão

somente répteis rasteiros de tesão.

Mesmo assim, desejas ser meu oásis.

Querida,

sou caso perdido.

Ame a tua vida

viaje em outro navio,

procures um outro desvio.

Sou pôquer sem apostas

– nada a ganhar !

Sou deserto inconstante

- dunas traiçoeiras

movendo-se a todo instante.