Sete faces de Eva

                                                              Drumundanamente...




Quando nasci, um anjo muito freak
desses que vivem nas sombras disse:
Vai, mulher ! despertar os apetites mais ocultos nos homens.
Joguei fora aquela ridícula folhinha de parreira que me tapava o sexo e obedeci.


Os prédios espiam as mulheres
que correm atrás de castelos
...ainda que não haja príncipes.
A noite talvez fosse estelar
não houvesse tantos desencontros.


O metrô passa cheio de braços:
musculosos, tatuados, brancos, amarelos.
Para que tantos braços, Meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos nus
não perguntam nada.


A mulher atrás do vidro fumé da Blazer
é séria, simples e forte.
Quase não sorri, tampouco rebola na rua.
Tem poucas, raras amigas,
a mulher atrás do vidro fumé da Blazer.

Meu Deus, porque me abandonaste
no teu decrépito reino patriarcal,
se sabias que eu não era deusa
se sabias que eu era fraca,

Mundo mundo vasto mundo,
não tenho rima, nem solução,
só uma ternura deslavada
e no meu ventre fértil de anseios
uma poesia mal criada.
Mundo mundo vasto mundo.
mais vasto é o coração dessas felinas abissais
na selva da madrugada.


Eu não devia te dizer.
mas esse céu sem lua, sem conhaque
dá um frio danado sem você do meu lado.




Ana Valéria Sessa
Enviado por Ana Valéria Sessa em 27/04/2006
Reeditado em 18/11/2011
Código do texto: T146318
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