NADA

Ai, passarinho solto na gaiola!

Quiçá viesse o sol, viesse o mar,

talvez assim pudesse me encantar.

Viesse a Lua, oh dia, vou-me embora.

Não há um só lugar, tudo é tão fora...

Não há ninguém, há somente o ar infestado de nada

e o nada há de ser mais nada a qualquer hora.

Foge, dor! E então ficarei ainda mais dolorido,

como se a ferida me fosse vaga

e no entanto minha.

Minha (a única coisa que é só minha)

esta razão tão louca e tão perdida.

Esta vida tão ávida e sem vida...

Júlio Miguel
Enviado por Júlio Miguel em 01/03/2009
Reeditado em 01/03/2009
Código do texto: T1464471
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