ÁGUA
ÁGUA
Elizabeth Fonseca
Brota do seio da Terra,
brota da mina do chão.
Humilde, pequenina,
bate coração a jorrar
veias latentes de amor,
e sobre a terra se põe a deitar.
Preciosa, néctar dos deuses,
nas artérias da terra, líquida,
incolor, inodora, cristalina.
Assim glorificada, calada,
vai rolando, se avolumando
cachoeiras, cascatas,
serras a cantar
chuá!..chuá!...
quando na queda, de repente,
em ressono cai em borbulhas
e se põe a rolar novamente.
Veredas na mata sombria,
córregos e rios,
regar a vida de sublime criação,
vencendo desafios, indomada.
Trabalho, dedicação.
Presente a canícula,
doa suor em evaporação,
elevado aos céus… clementes.
E se transforma em nuvem,
ressurge em chuva, rega a Terra,
reabastece nascentes.
Em alvo torrão, congelada,
é de realeza sem par.
É água, que ao céu se contempla…
É água… em favos armazenada.
E, ainda, quando salgada,
une continentes, nações.
Linda, de espumas prateadas.
Água bendita a todos nós
humilde e sem pretensão.
Nosso pão de toda hora,
ao nosso corpo a nutrição.
Bálsamo benfazejo que acalma.
Cálice da nossa oração!