MULHER DE FASES

Eu sou este segredo inviolável

Este mistério que nem eu sei explicar

Às vezes quero fazer meu teatro

Outras vezes resolvo cantar

Às vezes menina veneno

Às vezes criança a brincar

Às vezes sorriso maroto

Às vezes sorriso inocente

Às vezes boneca mimada

Às vezes tão independente

Me vejo nesta inconstância

Nesta minha irreverência

Não firmo minha identidade

Por medo da inconsciência

Por vezes um tanto cruel

Depois singela demais

E como o demais é veneno

Nenhuma fase me satisfaz

Às vezes menina carente

Outras vezes menina apaixonada

Uma hora entrego os pontos

Outra hora o orgulho me acaba

Às vezes tão dedicada

Por outras o desleixo domina

Às vezes um tanto vaidosa

E outras que nada combina

Às vezes feliz por demais

E outras num fosso de triste

Uma hora o pouco me satisfaz

E outras que com muito desiste

Às vezes o cabelo solto

O olho de negros encantos

E a pele toda perfumada

Em outras cabelo escondido

O olho por baixo do óculos

E a roupa desengoçada

Às vezes a mulher madura

Em outras a menina birrenta

A amiga que escuta

Ou a que desorienta

A estudante esforçada

Ou a que dorme sobre o livro

Aquela que levanta bem cedo

Ou deixa pra acordar atrasada

Que escuta um sertanejo baixinho

Depois bota um forró arroxado

Logo mais MPB na caixa

E por cima um rock ensaiado

Às vezes morrendo de amores

E outra matando amores

Às vezes sonhando com flores

E outras desejando chocolates

Um dia resolve uma caminhada

Logo após não se rende ao pastel

Às vezes menina veneno

Outras vezes garota de mel

Ninguém sabe e nem se garante

Quanto a minha personalidade

Nem eu mesma me reconheço

Apenas mais uma na cidade

Alguém que não se rende a desejos

Depois entrega os pontos e some

Sou esta metamorfose ambulante

Esta característica sem nome...

Sou o que este eu faz de mim

Esta mulher de fases

Esta mudança sem fim...

02/03/2009 ~> 22:04

Magna Eugênia
Enviado por Magna Eugênia em 02/03/2009
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