CERTO SORRISO
Certo sorriso
acostumado a sorrisar à toa,
a sair pelas ventas,
pelos olhos,
pela boca, derramar-se pelas maçãs...
Um dia, de ter saído,
voltou de um jeito esquisito.
Entrou, cabisbaixo,
menino desconfiado,
mijado.
E, antes de outro passo,
pôs blocos de pedra nas ventas,
vazou as uvas olhares,
coseu a passagem que é boca,
prendeu as maçãs faciais.
Aí, sem dar assunto,
pula no escuro da alma,
no vazio que é alma:
liquidificador do ser que não é,
cofre sem acesso,
calabouço setechaveado,
o escuro do escuro,
fim do sem-fim...
E lá está, para ficar...
Isso porque, passeando
deu com um monstro...
O bicho chamado realidade.