Estacionamento
estacionamento...
árido.
carros balofos estáticos
como baleias de mármore.
terra batida, ó, saara azul de britas!
um concreto aqui e ali, rachado de solidão,
de saudade dos tempos em que era rua...
poeira rubra coagulada no ar, pendente
de um lustre invisível do sol.
quanta seca, e quanto isolamento neste
sangue estancado da rua: estacionamento!
quem irá te ajudar a florescer novamente
de pedestres, de sinais, de vida? diga-me:
quem?!
é meio-dia. e eu estou perdido, minúsculo
nos estacionamentos da minha alma.