Manual dos Berros

A Manuel de Barros

Quando as coisas gritavam

E eu era ignorante

Do idioma das panelas

Do cochicho dos rios

Dos xingamentos das pedras

Quando somente ouvia

Meus lamentos e resmungos

E não refletia da natureza das coisas

Ignorava a realidade do nada

Do inconcluso

Do insignificante

Protagonista do incognoscível

Quando estava preso a minha cela perceptiva

Li no Livro das Ignorâncias

Sobre um sem fim

Um sem mim que berrava

Urros e gritos sem legendas

E eu era só barro

Rumo ao pó

Sem manual e rumo ao nada