ETERNO

Trabalhar as palavras,

descascar os sentimentos,

temperar à razão... e, vá, à emoção;

misturar bem e jogar no papel.

Mas misturar com jeito

mas jogar com jeito

de jeito

que grude como argamassa na parede.

Ali estarão veias e sangue

corpo e alma do criador, do poeta.

Desaparece a matéria;

a essência fica por aí,

que nem vento.

A uns confortando; a outros afligindo,

que nem vento.

Conforto e aflição a quem de direito,

como o imposto e o louvor:

o quinhão de César e o de Deus.

Mas é necessário misturar bem os elementos

com especial tempero

e levar ao papel...

A eternidade será a conseqüência ...

Que o digam Camões,

Pessoa,

Machado,

Drummond,

Dostoievski,

Cervantes,

...

Antonio Leal
Enviado por Antonio Leal em 07/03/2009
Código do texto: T1473874
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