Alma e Poesia
Não sei porque
o verso sempre há de ser
produto da ausência...
O que lateja no ar,
sobrando em forma de poesia
tantas vezes rejeitamos
por ser inútil, no dia-a-dia.
Será esta a razão
das expressões cansadas?
Da canção esquecida,
ou murmurada inconscientemente?
De todo esse ruído que amordaça
o silêncio puro e simples?
Dessa necessidade de criar necessidades,
misturando temperos
para enganar o paladar?
Olha,não sei não,as respostas...
Só faço perguntas,enquanto, como todo mundo,
finjo descansar...
E este corpo realmente adormece,
escolhendo o que lhe é conveniente,
por instinto.
No entanto, aquilo que se chama de alma
está inquieta, esfomeada...
E sabe que não apenas de poesia.
Porque, ao capturá-la, usa-a apenas como alavanca
para lançar-se a um Universo desconhecido.
Do qual sente-se apartada.
Mais perguntas:
será tão egoísta essa alma
que com pouco não se satisfaz?
Ou será tão humilde essa poesia,
que facilmente se permite usar?