Alma e Poesia

Não sei porque

o verso sempre há de ser

produto da ausência...

O que lateja no ar,

sobrando em forma de poesia

tantas vezes rejeitamos

por ser inútil, no dia-a-dia.

Será esta a razão

das expressões cansadas?

Da canção esquecida,

ou murmurada inconscientemente?

De todo esse ruído que amordaça

o silêncio puro e simples?

Dessa necessidade de criar necessidades,

misturando temperos

para enganar o paladar?

Olha,não sei não,as respostas...

Só faço perguntas,enquanto, como todo mundo,

finjo descansar...

E este corpo realmente adormece,

escolhendo o que lhe é conveniente,

por instinto.

No entanto, aquilo que se chama de alma

está inquieta, esfomeada...

E sabe que não apenas de poesia.

Porque, ao capturá-la, usa-a apenas como alavanca

para lançar-se a um Universo desconhecido.

Do qual sente-se apartada.

Mais perguntas:

será tão egoísta essa alma

que com pouco não se satisfaz?

Ou será tão humilde essa poesia,

que facilmente se permite usar?

Mareluz
Enviado por Mareluz em 07/03/2009
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