Eu, bailarina

Delicada, em sapatilhas desgastadas,

rodopiei num palco escuro

e sem aplausos

A cada passo, mais me invadia a música,

Leme, no meu imenso barco.

E fui acendendo pouco a pouco

as luzes brancas.

Preenchendo espaços

tão vazios de abraços.

Resgatando, entre acordes suaves,

o meu intenso mundo desfolhado.

E em sonata fui criando corpo,

levitando braços, rasgando espaços

Possuía um céu, cúmplice e estrelado

Derramei-o então, no palco solitário.

E entoei o canto do abraço

ao dançar a Lua, dentro dos seus braços.