REPARTIDO
Coloco restos de mim na calçada.
Logo, percebo-me levado
naquilo que se tornou nada.
Carregado por alguém,
cuja face não vejo.
Mas que ao juntar meus cacos
e recriá-los em novas indispensabilidades,
me intervém.
Assim me desdobro
em asas de novas necessidades,
despedaçado inteiro,
antecipando o próximo descarte.
Enquanto uma lasca de mim desabrocha
em novo cativeiro,
continuo ao mercê da arte
de estancar sorrisos no nevoeiro
e sobreviver noutra parte.
(do lviro COLHEITA DOS VENTOS - ed. LEGIS SUMMA, 2008)