O aedo sem poemas

por mais uma noite de minha vida,bebendo,moderadamente,com soda e gelo, o meu uísque.

O ato criador...no fundo,é a revelação das coisas que não aconteceram,as que nós deixamos de viver por falta de oportunidade e sobretudo por covardia.

Jayme Ovalle

Ora, a pomba, não encontrando lugar para pousar, voltou para Noé na arca,porque havia água sobe a superfície da terra...Ao entardecer, a pomba voltou para Noé ,trazendo no bico um ramo novo de oliveira.

Gênesis, Cap: 8.

EM suas mãos pachorrentas audazes poemas

subindo à Lapa com sua alma suja

com seu monóculo na boemia intruja

hipnotizar com sua poesia sem esquemas

a pomba sabe onde pousar

SEM nostalgia,simplesmente, vida em movimento

nem só de poemas vive-se o momento

a pomba sabe onde voar e repousar

o artífice reptante fica procurando sempre caminhos

no fortuito sono irreal de seu poetar

a pomba sabe onde pousar

ACORDAR no meio do labirinto solitário em Creta

homenagear falsos versos para Poseidon

colar rimas no afã de querer ser poeta

a pomba sabe onde pousar

JUNTAR palavras como migalhas de pão

sua vã ilusão de artífice na senda da idolatria

enferrujar versos em estrofes de maresia

a pomba sabe onde pousar

o bardo alimenta-se nos restos da imaginação

que correm ao chão como viço de aluvião

alvissareiro verso declamado em toante poção

a pomba sabe onde voar e pousar

o artífice das palavras onde se acorrentar

o aedos sem poemas onde perscrutar

poesia, silêncio do ar

Ton Machado Guimarães
Enviado por Ton Machado Guimarães em 09/03/2009
Reeditado em 20/06/2016
Código do texto: T1477111
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