SEGREDO

Escondi uma semente nos meus olhos.

Quando notei o esgotamento

de minhas lágrimas, pendurei

em minhas pálpebras um resto

de lamento.

Porque a felicidade, estendida

sobre as minhas pupilas agonizava.

Havia como que uma pálida

nuvem, estática, indiferente,

interrompendo o refluxo

dos sóis à estas paredes

escuras, geladas, mudas.

Notei que as margaridas deixadas ali,

há muito tempo desejavam ser vistas.

Porque apesar da terra seca,

estática, indiferente,

estas belas virtudes estendiam

os seus braços em direção aos céus.

E os pássaros repousavam sobre

as suas duas mãos abertas.

Havia como que um desejo

fertilizando as nuvens.

Quando a chuva passou,

os pássaros sumiram no horizonte...

Depois que o tempo engoliu a saudade,

plantei a semente escondida,

para que a felicidade tomasse vida,

e respirasse livre nas planícies dos meus olhos.

Júlio Miguel
Enviado por Júlio Miguel em 10/03/2009
Código do texto: T1479077
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.