Rio de Março

Rio de Março

Escrevo nas margens de um rio sem fim

Minha letra cinza, dupla, expedita

Escrevo no barranco de um rio de festim

Minha letra exclusiva de forno e bendita

Escrevo no fundo de um rio de alecrim

Minha letra pisoteada esperando a dita

Escrevo na correnteza de um rio de capim

Minha letra torta, santa e aflita

Escrevo nas águas de um rio dos confins

Minha letra torcida, espalhada e não dita

Escrevo no leito de um rio sempre assim

Minha letra borrada, lavrada e corrida

Escrevo na beira pensando sozinho

Minha letra escaldada no frigir do mormaço

Decifrando nas curvas de um vento fininho

As marolas turvas de um rio de março

Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 10/03/2009
Reeditado em 07/06/2013
Código do texto: T1479490
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