Onde andas alma minha?
Era quase fim do dia
já a luz rareava,
o vento solto corria
como louco pela estrada.
Onde andas alma minha?
Se nuvens no céu havia
já ninguém as enxergava,
apenas, e mal se ouvia,
um sino ao longe gemia.
Onde andas alma minha?
A vila estava vazia
janela e porta fechada,
parecia adormecida
como de vida cortada.
Onde andas alma minha?
Só no cais se movia
balançando sobre a água,
a figura triste e esguia
da barcaça naufragada.
Onde andas alma minha?
Quanta noite, quanto dia,
entre o ir e o voltar,
quanta ansiedade havia
e lágrima no olhar.
Onde andas alma minha?
O mar se agita e grita,
só ele está a gritar,
o barco de mastro partido
é um túmulo a balançar.
Onde andas alma minha?