The Cure

Em noite fria,

densa e pálida,

sereno espero

pela melhor poesia.

No jejum e na loucura,

me lanço de prazeres,

das mulheres e dos vícios;

na febre irresponsável.

Me sobe o sangue

e o cansaço.

Me vem o sono

e o mormaço.

Então, hoje, sou

mais ateu que Jesus Cristo.

Adjunto no chiqueiro

das ofensas que escuto.

Não vejo a rima preocupado.

Em ritmo estou só por pecado.

Deito e durmo em meu leito;

de descanço vivo alheio.

Sonho atos que não atuo -

ator feliz no teatro de tristezas.

Pesadelos, sonhos maus,

por que me rendem na agonia?

Não sou forte, nem constante.

Só uma nau de alegria.

Poucas são estas vivências.

Muitas são minhas doenças.

Se na fome me disperso,

de coração dou ao irmão

minha última moeda

de suor tão trabalhado.

Rebusco a dor

na falsa ideia.

Me entrego à sede

de minhas lágrimas.

Choro o ofício,

a paixão.

Meu saberes

de sabão.

Esperançoso volto

e disso me arrependo,

tão culpado, tão omisso,

quanto os olhos que esqueci de abrir.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 13/03/2009
Reeditado em 13/03/2009
Código do texto: T1484659
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