Adeus e flores

E ele se foi.. como todos iremos.

Nem se despediu, nem disse se voltava.

Foi como uma faca que parte um coração em dois gumes

E deixa o restolho de gente que ama em frangalhos.

Um dia ele se foi, com o melhor dos sorrisos.

Talvez eu nunca o esqueça,

Nem saiba o porquê dessa viagem tão longa.

Às vezes ouço seus passos, matematicamente cronometrados.

Sei que ele vai abrir a porta,

Estacionar o carro

E vai me dar um beijo doce e me dizer que eu estou linda.

Mas ele nunca mais veio.

Nunca mais veio nem em sonhos,

que é pra eu aprender que a morte é pra sempre.

È um nó na garganta que nunca se desfaz:

Nem com o tempo,

Nem com a conformidade.

A mesa está posta,

Mas nem a casa, nem o quarto são os mesmos.

Nem eu sou mais aquela menininha assustada do seu último abraço.

Minha vez de trazer flores,

De dizer um boa – noite,

mesmo sabendo que ele está dormindo.

Ás vezes acaricio seus cabelos,

A maciez, o brilho... o cafuné que me faz tanta falta.

Às vezes procuro em outros homens qualquer coisa que o lembre.

Mas nada, nada nada supre a sua falta.

Nem os longos anos de espera,

Nem os longos anos de saudade.

Nem mesmo o meu encontro doloroso comigo mesma,

Os seus diários, que releio, ávida;

As nossas fotos abraçados.

È um nó na garganta que nunca se desfaz.

É uma dor que aparentemente dói menos,

Mas a cada ano sinto que dói mais.

Porque é a dor do esquecimento

Que cisma em aparecer

E se mostrar impossível e inválido.