MEU DOCE DE CÔCO (sua benção, minha mãe ! )

Mãe,

como é fácil escrever

sobre coisas banais:

o cotidiano

notícias de jornais,

o fim-de-ano

e sobre tudo mais.

Aí, invento eu,

poeta de araque,

barulhinho de um traque,

escrever, sobre quem?

Minha velha cheirosa

minha mãe querida

de pele sedosa.

Amuei !

A caneta deu um tranco

e recusou-se a trabalhar

Os olhos começaram a marejar

sem a minha permissão.

Deu travo na garganta.

Não adianta !

Faria uma poesia-canção

mas, não sai nada.

Que diacho de emoção

Porque esse paradeiro ?

Como é difícil escrever

sobre um amor verdadeiro

de um filho grato.

Mãe-poetisa de 78 anos.

Meu doce de coco baiano.

Tô com os olhos cheios d’água.

Seu filho-poeta naufragou,

não em lágrimas de mágoa

mas, em águas de gratidão.

Sua bênção, Dona Alice-paixão.