Poema de uma mulher pequena

Recolho a noite em minhas pálpebras

e com ela a pequena lágrima atenta

e o lento murmúrio das águas serenas.

No instante cristalizado da memória

os horizontes dourados que foram nossa história

lutam com a penumbra do esquecimento.

Daquele tempo que não houve, guardo

as palavras e gestos de amor ensaiados

em paixão e desejo embalados.

E, assim, de névoa e brisa vestido,

habitas, homem, minhas lembranças;

povoas meus pensamentos, e em tua alma peregrina

levas o desconsolo da minha alma menina.

E quando cortas, sob o sol, cigano, planícies imensas,

sem pouso, sem dona, solto no mundo,

ainda desejo teu amor por um segundo,

sabendo, sempre, quão dolorosa a pena

de amar-te sendo aos teus olhos tão pequena.

Shirley Carreira
Enviado por Shirley Carreira em 02/05/2006
Reeditado em 20/06/2006
Código do texto: T148976
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