O poeta de metrô

Lá vai um poeta no metrô

Querendo inventar em seus poemas

Um mundo perfeito

Entre uma curva e outra

O poeta cambaleia pensamentos puros

Mas repara da janela

Uma paisagem sórdida

Ele quer inventar a alegria

Mas a desigualdade aparente é cruel

E os bêbados da cidade

Ensaiam felicidade destilada com mais facilidade

Lá vai um poeta de metrô

Querendo inventar em seus poemas

Um grande amor

Entre uma estação e outra

O poeta compara o vagão ao seu coração

E vê que pessoas partem

Enquanto outras embarcam

Como na sua vida

Mas ele não desiste de inventar

(Seja como for)

Em casa ele abre uma garrafa de vinho

Depois do terceiro copo

Começa a inventar um sorriso no rosto

E tragando a desinvenção da realidade

Se entrega a poesia das horas num viver inventado

Até que a madrugada o adormeça

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 16/03/2009
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