A busca
Saio à cata de emoções.
Reviro gavetas,
releio velhas canções
abro armários,
nada encontro.
Ainda procuro emoções.
Derrubo paredes,
vasculho porões.
levanto tapetes,
espio vitrines.
Mesmo desta vez
nada encontrei.
Continuo procurando emoções,
remexendo feridas
abrindo corações
relembrando passados,
sondando as mentes.
Ainda nada.
Quero emoções!
Vou à praças públicas
faço comícios,
organizo revoluções,
pleiteio direitos.
Nada valeu.
Onde estão as emoções?
Vou a igrejas,
decoro orações,
invoco forças ocultas,
adoro deuses antigos.
Ainda não foi desta vez.
Desisto da procura.
Volta para casa cansado
o corpo suado
a mente febril,
os olhos ardendo.
Tomo um banho e ligo a televisão.
Depois de tanta luta
me vem uma raiva muda.
Achei minhas emoções
apenas ligando um botão.