Perdi o tempo de perder tempo

Perdi o tempo de perder tempo,

carpi-se pela lagrima vertida,

os bons costumes, não são curtumes

os ensinamentos não são lamentos.

Não quero um surto de boas maneiras

Coisas corriqueiras, nem tampouco rezadeiras.

O laço das mazelas, as frescuras das donzelas

as parafinas sem o fogo nas velas.

Perdi o tempo de perder tempo.

Deixar de contemplar o horizonte, a água da fonte

o rio debaixo da ponte.

A acidez, a aridez, a sensatez

Uma coisa de cada vez.

Nem só quem compra vira freguês,

depois da embriaguez a lucidez.

O miserável, o itinerante, o burguês.

Perdi o tempo de perder tempo.

Esperar o inesgotável, a lisura amável

a vestimenta impecável.

A posição de destaque, os amigos de araque

a boca sem sotaque.

Perdi o tempo de perder tempo,

com o automóvel, a sujeira do móvel

o ser imóvel.

A cordialidade, o avanço da idade, a sensualidade.

Antes fosse tudo um passatempo, provar que existe através de um documento.

Perdi o tempo de perder tempo.

uma ressalva;

Aos amigos que não são de araque, as senhoras que não escondem a comida dos famintos, aos senhores que repartem o pão e a pinga, e aos mendigos que entram nas lojas finas e sujam o chão.