A última poesia

Me dói cálido coração.

Me dá medo

estes olhos frios.

Não mais amor,

não mais carinho,

não mais tesão;

e como meu

corpo pede...

Teu corpo,

que jaz no ontem.

Meu beijo

que já não traz

mistério

doce

paixão.

Chama acesa

e pernas a tremer.

Ver - te enquanto ando,

enquanto deito,

enquanto transo,

enquanto paro,

enquanto quero,

enquanto escuto,

e sem querer.

Os meus vícios

veem e vão.

Tu vais

e não mais volta.

Não quero -

digo certo.

Mas sei que preciso,

pois corre-me sangue.

Superior acima estás:

É o medo que sinto;

ciúme besta.

Minha calma mentirosa

e meus espasmos

nada discretos,

desassossegam o que poderia,

trazem trevas

na luz tão rara.

Houve amor

um dia, ouve,

quando digo que te amo.

Sonho - te todo dia,

toda cama,

todo copo.

Não mais tua face esqueço,

como antes o fazia,

para ter - te de primeira.

Hoje, sempre vejo,

nítidos, teus olhos

onde confessei

minha verdade

e meu sentir.

Tua boca,

que a todos acomete

em qualquer discurso,

fala calma,

serena e sábia,

quando não se explode

em devaneios.

Teu sorriso que

não mais tenho.

Teu abraço

somente irmão.

Teu falar

que mostra o claro.

Teu beijo

agora de outrem.

Me despeço do que sinto,

que ainda sinto

e faz-me chorar.

Choro de não ser arrependido,

mas de um dia ter vivido

algo de saudades

e agonias,

que constroem -

nessa besteira de ainda amar -

o amor ideal;

não me traz,

nem me dá,

só existe e

se desfaz.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 17/03/2009
Código do texto: T1490794
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