DESPREZO

Despreza-me, larga-me a um canto,

Por entre papeis em pedaço

Como me abraçar em laços.

A espera fico. Meu Deus quanto!

Fico a olhar-te... Não me ligas.

Olhas tudo que em volta tem.

Tuas mãos espero a mim vem.

Faz de mim, coisa perdida.

Por vezes rolo sobre a mesa,

Empurrado que sou no duro esteio.

Quantas vezes a mão perto veio.

Pensei querer fazer de mim, a presa.

A caneta feliz estava

Açulante a fazer-se em esmero.

Tu a pegar seu corpo inteiro.

Com caricias - apertava.

Senti ciúmes por seixar-me só.

Tristonho este lápis ficou.

Com carinho com teus dedo pegou

A companheira - sem ter de mim dó.

Senti-te gélido, e quis

Falar-te de minha tristeza.

Olhas-te... Teu coração em frieza

Empurou-me - teus dedos vis.