AS VOZES DAS FERAS SÃO CANTARES

Vi quando a tua fera subiu à tona da tua pele,

E a doce entrega do teu beijo

Passou a devorar-me,

Como quem queria beber de mim,

A minh’alma...

Senti o anseio do teu beijar,

E o teu corpo miúdo,

Agora crispado sobre eu!

Tinhas-me sob tuas garras,

Como a uma presa,

A devorar-me...

Sob o brilho do teu olhar de fera

Sobre a sua presa,

Deixei-me fluir

Para as correntezas do teu desejo,

Igual riacho que encontra rio maior,

E libertei a minha alma até nos meus lábios

Para que a bebesses ali...

Percorri teus caminhos todos numa vertigem só,

E só voltei a mim,

Ao sentir que, em meio aos teus beijos,

Eu a beijava também como quem queria

Provar da tua alma um pouco...

Acendi meu olhar,

Não sei de onde...

E vi a tua fera saciada,

Cabelos soltos,

Mãos macias soltando-se de mim...

Cravei minhas garras de leão

No teu corpo pequeno,

Deitando-a sob minhas patas ferinas, a devorei

Até encontrar-me...

Chico Steffanello
Enviado por Chico Steffanello em 05/05/2006
Código do texto: T150580
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