AS VOZES DAS FERAS SÃO CANTARES
Vi quando a tua fera subiu à tona da tua pele,
E a doce entrega do teu beijo
Passou a devorar-me,
Como quem queria beber de mim,
A minh’alma...
Senti o anseio do teu beijar,
E o teu corpo miúdo,
Agora crispado sobre eu!
Tinhas-me sob tuas garras,
Como a uma presa,
A devorar-me...
Sob o brilho do teu olhar de fera
Sobre a sua presa,
Deixei-me fluir
Para as correntezas do teu desejo,
Igual riacho que encontra rio maior,
E libertei a minha alma até nos meus lábios
Para que a bebesses ali...
Percorri teus caminhos todos numa vertigem só,
E só voltei a mim,
Ao sentir que, em meio aos teus beijos,
Eu a beijava também como quem queria
Provar da tua alma um pouco...
Acendi meu olhar,
Não sei de onde...
E vi a tua fera saciada,
Cabelos soltos,
Mãos macias soltando-se de mim...
Cravei minhas garras de leão
No teu corpo pequeno,
Deitando-a sob minhas patas ferinas, a devorei
Até encontrar-me...