APENAS UM ADENDO

É hora de um adendo

Antes de deitar para dormir,

Continuar morrendo

Mergulhado na piscina do porvir.

E um porvir de sonhos e tontos

E um mar de desencantos medonhos

E uma clarividência de pronto

Bate enquanto o peito boceja tristonho.

Amanhã, amanhã talvez a poesia acorde

Ou então morra de uma vez por todas,

Antes de um penúltimo acorde

Do então sonhado blues das noites rotas.

Perdurar até não mais existir,

Fazer do paraíso um aglutinado pós tudo,

Se é que um dia irei não extinguir

Pelos laços dos laços do cotidiano escudo.

É hora de um adendo,

Mas antes um trago do gato arranha peito,

Que desce pelas entranhas ardendo

O asco que feroz vocifera no auto-gueto:

Atroz é o arco do arqueiro,

Suave a pena que enfeita a flecha;

O ato que desencadeia rasteiro

Através do tempo a morte desfecha.

E arqueiros somos

E flechadas tomamos,

Enquanto cromossomos

Defeituosos e insanos

Procriam diante

Da febre dos nossos ânus.