Demência

Angélica T. Almstadter

Os cacos recolhidos sem embargo,

Rasgam a saídas de emergência;

Que explodem dentro desse sorriso largo.

Mutilado pela insolvência.

No travo da língua, o gosto da fruta

Devorada sem pressa, até o caroço.

Usa e abusa sonhando com o Kamasutra;

Na prática, só mesmo um esboço.

A rua está prestes, desde a soleira

Por onde goteja quase impaciente;

A liberdade de uma vida quase inteira.

A cópia do seu tempo chacoalha na mente

E segue como choro de carpideira,

Do lado de fora, o tranqüilo sobrevivente.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 06/05/2005
Código do texto: T15074
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