Demência
Angélica T. Almstadter
Os cacos recolhidos sem embargo,
Rasgam a saídas de emergência;
Que explodem dentro desse sorriso largo.
Mutilado pela insolvência.
No travo da língua, o gosto da fruta
Devorada sem pressa, até o caroço.
Usa e abusa sonhando com o Kamasutra;
Na prática, só mesmo um esboço.
A rua está prestes, desde a soleira
Por onde goteja quase impaciente;
A liberdade de uma vida quase inteira.
A cópia do seu tempo chacoalha na mente
E segue como choro de carpideira,
Do lado de fora, o tranqüilo sobrevivente.