Quase tudo em quase nada
Uma ferida no peito que não cicatriza
Velocidade cortante de um coração amputado
Fermenta a chama estraçalhada de pensamentos
Revolta, dor, questionamento. Para quê?
Entorpece o espírito vadio em noite sem luz
Descrença na chama morta de cinzas temporais
O pensamento vem, cortante, frio, cruel
A sensação se vai, tão sem sentido quanto a sua vinda.
Vômito metafórico, redução do nada em quase tudo.
Quase uma dor familiar em quase metade de um ser.
Ferida exposta na matinal performance
Lágrimas secas representadas em dores enlouquecidas
Fragilidade e miséria se deparam no abismo
Malditas horas que não passam de lembranças mortas
Prisão desconfortável de uma semente estéril
Dormência constante de uma armadilha voraz
Sede frenética de um ódio que não vinga
Revolta permissiva e dolorosa
Devastação constante de uma alma esfarrapada
Escuridão miserável que se faz presente na lembrança
Papéis rasgados em escritas borradas
Nada representa numa noite morta
Velório diário de memória desastrada
Fantasmas traiçoeiros retornam em pensamento
Palavras ditas com a sensação de reticências
Mordaça permissiva em vitrais imundos
O sangue que escorre feito lama
Pedintes indigentes na rejeição sem sentido
Caducas torres que desabam sobre o nada
Idiotas permanecem a gargalhar
Olhos cegos a procura de um túmulo
Um pensamento findando a lógica animal
Tortura inútil em uma madrugada qualquer
Peças soltas de uma dor que se dissolve em poesia.
Rastros indiferentes na luta perdida
A chama se apagará na mortalidade do dia.