Quase tudo em quase nada

Uma ferida no peito que não cicatriza

Velocidade cortante de um coração amputado

Fermenta a chama estraçalhada de pensamentos

Revolta, dor, questionamento. Para quê?

Entorpece o espírito vadio em noite sem luz

Descrença na chama morta de cinzas temporais

O pensamento vem, cortante, frio, cruel

A sensação se vai, tão sem sentido quanto a sua vinda.

Vômito metafórico, redução do nada em quase tudo.

Quase uma dor familiar em quase metade de um ser.

Ferida exposta na matinal performance

Lágrimas secas representadas em dores enlouquecidas

Fragilidade e miséria se deparam no abismo

Malditas horas que não passam de lembranças mortas

Prisão desconfortável de uma semente estéril

Dormência constante de uma armadilha voraz

Sede frenética de um ódio que não vinga

Revolta permissiva e dolorosa

Devastação constante de uma alma esfarrapada

Escuridão miserável que se faz presente na lembrança

Papéis rasgados em escritas borradas

Nada representa numa noite morta

Velório diário de memória desastrada

Fantasmas traiçoeiros retornam em pensamento

Palavras ditas com a sensação de reticências

Mordaça permissiva em vitrais imundos

O sangue que escorre feito lama

Pedintes indigentes na rejeição sem sentido

Caducas torres que desabam sobre o nada

Idiotas permanecem a gargalhar

Olhos cegos a procura de um túmulo

Um pensamento findando a lógica animal

Tortura inútil em uma madrugada qualquer

Peças soltas de uma dor que se dissolve em poesia.

Rastros indiferentes na luta perdida

A chama se apagará na mortalidade do dia.

Angela Leite
Enviado por Angela Leite em 26/03/2009
Código do texto: T1507964
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