SENTINELA

Como água de chuva

que corre ladeira abaixo

que escorre pelo riacho

e some no meio do mar

Como cacho de uva

que é gozo no sabor do vinho

e os pés donos do caminho

no seu próprio caminhar

Vou buscando seu carinho

dentro do meu próprio ninho

Te vejo indo sozinho

me sinto só por você

Calo-me no teu silêncio

respiro teu desalento

me encontro tomando assento

no vácuo do anoitecer

Eu vejo passando o tempo

a fruta a amadurecer

mas não vejo quem a colha

O senhor dessa escolha

preferiu repousar sob folhas

deixar o tempo resolver

Como pena solta ao vento

que vai sem destino atento

vou marchando em passo lento

No intento de seguir

vou seguindo o seu vazio

lembrando o sabor do cio

velando você daqui.

D.V.

05/96

Copyright © 2005 Dulce Valverde

All Rights Reserved