São oito horas da noite
São oito horas da noite
São oito horas da noite,
Muito cedo para me aborrecer com as palavras,
Fumar, pois então, delimitar a ideia. Às
Vezes faço isto, rodar dois dedos um no outro,
Accionar o prazer, esquecer, ganhar tempo.
Jornais para quê? Antes a Internet, ver-me aí
Na luz sublime do ecrã, o branco maximizado,
Um escorregar na cadeira, vazio completo.
É uma clareira que procuro, não vale a pena a dor
Inflamada a soturna emoção, ou a sombra do diabo, amanhã, logo ou agora, tudo
Estará na mesma. Menos eu, no vale gigante do intervalo,
Compondo a sinfonia do vagabundo, dissertando
De perna cruzada cada momento.
Saindo do corpo, vendo.