São oito horas da noite

São oito horas da noite

São oito horas da noite,

Muito cedo para me aborrecer com as palavras,

Fumar, pois então, delimitar a ideia. Às

Vezes faço isto, rodar dois dedos um no outro,

Accionar o prazer, esquecer, ganhar tempo.

Jornais para quê? Antes a Internet, ver-me aí

Na luz sublime do ecrã, o branco maximizado,

Um escorregar na cadeira, vazio completo.

É uma clareira que procuro, não vale a pena a dor

Inflamada a soturna emoção, ou a sombra do diabo, amanhã, logo ou agora, tudo

Estará na mesma. Menos eu, no vale gigante do intervalo,

Compondo a sinfonia do vagabundo, dissertando

De perna cruzada cada momento.

Saindo do corpo, vendo.

Constantino Mendes Alves
Enviado por Constantino Mendes Alves em 06/05/2006
Código do texto: T151197