ATÉ QUANDO SOFREREI?

No princípio uma montanha

Da montanha, um vale

O qual anunciava uma queda repentina

No vale uma sombra

E na sombra a solidão

Na solidão o temor e o medo

Ao sabor da morte.

Longe, mui longe

A montanha e a luz brilham

Fora do alcance de mãos manchadas

De labores vãos

Raios de luz

Sinal de esperança

Entusiasmo num peito cansado

E mãos trêmulas

O sorriso na angústia

E a coragem na dor

Onde está a montanha?

Para onde fugiu a luz?

O espírito se torna cansado

E a alma enferma

O coração arrebatado para longe

E então, chora!

Os gritos de dor e remordimento

Fazem canção na noite fria

Clamando um perdão que não chega

O silêncio responde: sossega

Mais um sonho,

Uma montanha,

Um labor.

Muitos rostos cansados se queixam

Entretanto minhas mãos atadas não podem se estender

O socorro tarda e a luta prossegue

Mas as forças do homem se perdem

Mais um grito de dor

E o silêncio responde: Espera

Já se apaga o passado

E o presente de ontem

Contudo as cicatrizes inflamam

E fazem perturbar a calma

Senhor da montanha

Onde está o socorro?

Raios de luz! Raios de luz!

Afugenta as trevas que ofuscam a esperança

Traze-me a escada

Para que eu escale o monte

Sentimentos profundos

Instalam-se na noite fria

O sono carece de lágrimas

Mas mingua a fonte

Até quando?

O minúsculo grão de mostarda, a minha fé, nunca aumenta

E a montanha se torna quieta como a pedra fria de um necrotério

Entretanto, grito para a montanha: até quando?

Até quando?

(Em meio a muitas aflições no centro da frieza do mundo, a Europa. Espanha, abril de 1998)

djalma marques
Enviado por djalma marques em 06/05/2006
Reeditado em 20/05/2006
Código do texto: T151405