OS DOIS FILHOS
Quero ter dois filhos:
Um para me criticar
O outro – para me consolar
Um para dizer quem eu sou
O outro – para me dizer
O que eu não devo fazer.
Um para me aborrecer
O outro – para me dar alegrias.
Um, para eu lhe contar histórias
O outro – para me trazer decepções
Um para dizer que fica em casa
O outro – para dizer que vai embora.
Um, para me ter como amigo
O outro – para eu ter como hóspede.
Um para me chamar de pai
O outro – para me chamar pelo nome.
Um para me cantar as alegrias
O outro – para chorar as amarguras.
Sei que com dois filhos assim,
Percebo que a vida não é uma reta
Mas um círculo de extremos opostos,
Que se tocam após uma volta completa
E se completam no mesmo ponto final.