Dias de guerra
Nestes dias de guerra
somos tomados,
como no Arquivo X,
abduzidos, levados
a uma dimensão
de terror e incerteza.
Viu-se o nascer do dia
mas, não há por certo
que se verá seu por.
Uma dimensão
a l t e r n a t i v a
sem heróis
e nem divas
em que empresas
fecham suas portas
todos os dias
tirando-nos salários,
últimas garantias.
Nestes dias de guerra
o povo se enterra
em sentimentos vis,
por si cabíveis
no chamado
instinto de sobrevivência:
medo, selvageria,
egoísmo, miséria
e incontinência.
O s v a l o r e s
de antigamente
são lembranças
que nos ancoram
numa esperança
de poder relegar
ao passado
tanta matança.
Nesses dias de guerra
vivemos uma
sinistra abstração,
como se todos nós fossemos
parte d’um cortejo fúnebre
acompanhando
um caixão.
Oh, funesta situação
sem aparente remédio
olhamos adiante,
olhos médios,
olhares mortos
à espera de uma
e u t a n á s i a.
Este complexo ensejo
cheio de dor
carente de valor, de amor.
Nesses dias de guerra
nem sequer enxergamos
o instante desta terra.
Não falo em tom
p r o f é t i c o.
Basta abrir o jornal
que tens em tua mão
ou apenas dar atenção
àquele da televisão
para ver quão fático
o enredo ora dito
pois hoje já vivemos
tais dias.
Resta-nos
a Deus clamar
pela abreviação
desta guerra
ou dos dias
desta terra