44 versos

Nesoepe, nome dito.

Por ter sido, é bonito.

No que vejo, ou imagino,

sou feliz por só ter tido.

Noite, que antes era imensa,

hoje é curta e fatídica.

Se eu chamo, é sem malícia,

porque a rima se anuncia.

Se não busco, me transformo

no omisso protegido;

temor de rejeição

faz nascer o precavido.

Covarde, se quiserem,

digam se quando desejarem.

Minha estrela é quem conhece

forte alma em mim vivente.

Sei, não me acho em desencontro.

Pois no encontro que almejo,

me travisto de bonito

e ignoro a flecha alheia.

De vogais e consoantes,

cada qual com sua antecedente.

Assim, se descobre o nome

da eterna musa do poeta.

Falso coração bate em falsete -

Não te embriagues, fígado estúpido!

Respiro, pois, o gás maldito

na boemia vitalícia.

Sem rima quero estar

na frequência do projétil.

E faço em quem merece amar

poesia que é tão fértil.

Fútil vaso, que vazava,

que de tão fútil, se quebrou.

Inútil coração bobo,

que a ninguém interessa, mas a todos tem.

Vivo, então, vou mais além ,

do que a morte que procurara.

Porque o nome que canto faz-me

mais sutil na longa estrada.

Portanto, encerro minha quadra

naqueles singelos caracóis.

E, o perfume, de novo, sinto

simplesmente porque dói.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 03/04/2009
Reeditado em 03/04/2009
Código do texto: T1521468
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