Janela de Outono

Clareia o dia nos ruídos da rua.

Meus olhos buscam,

no escuro acinzentado do quarto,

uma réstia de luz,

vazando pela persiana nua.

Mais uma noite andarilhou seu tempo,

encurralou meus sonhos,

me deixou parada.

Quieta, confabulo por dentro,

histórias da madrugada.

Pela fresta aberta da janela,

nem sol, nem flor, nem quase nada!

Só a neblina branca.

Planando, planando,

como véu de noiva, escondendo disfarçada,

meu mundo, meus senões,

a paixão anclausurada.