Acontecimento urbaníssimo

Como tem chorado

o homem

que mora aqui ao lado

Acordo às madrugadas

com seu surdo soluço

Rio turvo em rosto turvo

Desde que conheço o inocente

não há vértebras ou músculos seus

que não chorem de corpo inteiro

Tão imensa e tão mínima

é a pátria do peito

que só deseja voltar para casa

Aqui sobrevivo enlouquecido menino

que sonha apenas salvar o mundo

É preciso

não voltar ainda para casa

Mas como fazem falta minhas asas

Rossyr Berny
Enviado por Rossyr Berny em 08/05/2006
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