O céu que estava aqui

Cadê o chão que estava aqui?

Bato braços e pernas no vazio

bato dentes de frio

Bato cabeça em busca de ar e luz

Cadê a cama quente que estava aqui?

Sem o ninho de antigo repouso

pareço corpo prestes a 14 provações

Solto na prisão de mundo alienígena

que via-crúcis me espera?

Cadê o beijo que estava aqui na boca?

Bato asas imaginárias

no vácuo onde a vida deveria brilhar

Cadê o chão que estava aqui?

Tampem os buracos negros do universo

O buraco negro de tua ausência

que a tudo engole e onde caio

Cadê o amor que estava aqui no peito?

Agora cremado não é nem mais cadáver

para exumação e autopsia

Teria mesmo existido

ou só foi falso braseiro o tempo todo?

Cadê minha mulher que estava aqui?

O vento frio que há pouco me envolveu

redemoinhou nos olhos e sumiu

Foi o corpo-pó do amor que fugiu

Rossyr Berny
Enviado por Rossyr Berny em 08/05/2006
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