Somos o que somos.

Não somos o que pensamos.

Somos o que somos.

E ponto.

Tudo bem...

E vírgula.

Depois do segundo "somos"

Ainda há espaço para argumentações,

Questionamentos, indagações, dúvidas e até para as certezas.

Somos o que somos.

Às vezes luz, às vezes escuridão.

Fome e refeição.

Sede e salvação.

Somos o que somos e sem nenhuma pontuação.

Ora humano, ora sobre-humano, subumano e desumano.

Somos sempre uma contradição.

Um mistério desvendado aos poucos.

E sofrendo as dores e os prazeres de qualquer desvendar.

Assim, como quem anda descalço sobre cacos cortantes,

(Seja de vidros ou de paixões)

Apalpando a sorte, tateando os sentimentos no obscuro das emoções.

Um espelho...

Reflexo fajuto mostrando o avesso do que eu deveria ser.

Do que eu desejo ser.

Do que eu não posso ser.

Fim do dia. E agora sou eu e ponto.

Tudo "pronto". Imagem e reflexo!

Testemunhadas por todos os santos.

Posso me ver no espelho e sou eu.

E então... Chora um pranto e, mais uma vez, pronto!

Lá vem ele... Lá vem eles... Vem vindo todos... E chega ela!

Tempo, enganos, encontros, sonhos, realizações, frustrações: a vida!

Corta!!! - Grita alto o íntimo e intimida.

-Vamos refazer. Esse aí não sou eu não.

E assim prorrogamos mais um "recomeço".

Não somos o que pensamos ser.

Somos o que somos.

Sem ser muito, sem ser demais.

Até porque... Uma hora a banda passa

Mas a música não é a mesma de ontem.

O inverno chega... e aí, o cheiro é parecido com o de 1998.

E aí você já olhou sua foto na moldura e sentiu saudades.

Saudades do que você já foi.

E se pergunta onde escondeu aquele sorriso da foto.

E se olha. Compara as pessoas do espelho e da fotografia.

E se questiona: - É a mesma pessoa?

Duvida... mas reage aliando-se as certezas de sempre.

Basta a essência de nós.

Somos o que somos.

Mas, estamos sempre...

Não há tempo para ser.

E só agora somos...

Com as retiscências...

E sem complementações.