Insensatez

Nada do que se pensa, sente, é definitivo.

Como a água que cai nas rochas,

insidiosa, calmamente

e transforma em areia fina,

o que foi pedra imponente.

Tudo o que imaginamos ter é transitivo.

Passeia em nossas mãos,

serpenteando nossas vontades.

Caminha seu próprio rumo,

atravessa o sonho e então,

mente nossas verdades.

Procuramos mais que o instintivo,

o lógico, aquilo que arrasta,

para o sentido de nossos passos,

nossas dores, nosso buscar...

Nos enredamos nos laços,

imprevistos, invasivos laços de amar!

E brindamos à vida !

Ao que temos, sem nunca ter tido.

À surpresa já esperada.

Abraçamos o desconhecido,

com medo da emboscada.

Amamos no mais-que-perfeito,

definitivamente tudo.

Incautos, escancaramos o peito

e transitamos sem nada!