CONTRADIÇÕES MODERNAS

Quantas imagens vemos aos montes

e quão belas cenas nas TVs modernas:

Vemos multidões em grandes passeatas

Com causas diversas – e opiniões semelhantes.

Uns protestam

Contra a fome no mundo

Outros, contra a Guerra

No Oriente Médio.

Há aqueles que buscam

Um planeta mais digno

Pela ecologia da terra:

A salvação da terra

E uma atmosfera mais limpa.

Outros defendem

Os direitos iguais

Para as minorias

Sem distinção

De sexo, cor, raça

Ou classes sociais.

Pessoas assim

Querem ao mundo mudar

E o que dizer de suas vidas

E do próprio pensar?

Em seus belos discursos

Defendem causas tão nobres

Mas em seus pensamentos íntimos

Podem ser os hipócritas de sempre:

“revolucionários” por fora,

mas conservadores por dentro.

Podem trazer a semente

De uma Nova Era

Com seus pés enraizados

Em contradição profunda.

Aqueles que reclamam

Contra a fome no mundo

Seriam capazes

De dar a esmola – que é sua

A um mendigo qualquer

Que encontrassem na rua?

E quanto àqueles

Que protestam contra as guerras

E proclamam a paz mundial

Seriam capazes

De perdoar ao “inimigo”

Com quem travam

Uma contenda pessoal?

E as palavras ferinas

Que proferimos

Contra o nosso vizinho

Não é também uma forma

De “violência” humana?

E os pensamentos de inveja,

As intrigas e fofocas,

As palavras amargas

E cheias de astúcia,

As ofensas – e até as calúnias

Do nosso dia-a-dia?

Por que lutam os homens

Contra as injustiças

Da humanidade inteira

Se somos injustos

Uns com os outros

De todas as maneiras?

Mais fácil seria

Começarmos humildes

Com o viver diário

A vida em família

Ou com nosso vizinho.

Desfazendo os laços

Dos conflitos pequenos

E dos dramas humanos

Que permeiam o enredo

De nossa vida em comum

E nosso próprio destino.

SER UNIVERSAL

Não é apenas

Defender grandes causas

Mas também engrandecer

Nossa própria alma.

SER UNIVERSAL

Não é apenas marchar

Nas praças públicas e campos abertos

Ou enfrentar os grandes Poderes,

Pois PODER maior temos nós

Para deixarmos de ser sistema

E nos tornarmos PESSOAS

Deixarmos de ser rebanhos

E nos tornarmos OVELHAS.

Agindo assim

Buscando a grande revolução

De nossos sentimentos

Do modo de ver e pensar

Do modo de ser – e do humilde saber

O mundo não será apenas diferente

Será como a imagem de um espelho

De nosso grande mundo pequeno.