É tarde

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Uma pausa... e o poema

Se transforma

Nessa indulgência perdida

Dos olhos dos homens...

Os sentimentos fluem

E extravasam a essência

Dos mais íntimos pensamentos

Onde verdade aporta

Onde seguimos acobertando

Essa vontade de tudo

Essa saudade de nada.

E no papel

A devastação, o vazio

Sombras que acalentam

Luzes que solfejam

As cores e as dores do amor.

É cedo...

Palavras adejam e proclamam

O som da Terra, da chuva, do sol

Entremeando-se às pedras e aos cristais

Esse amálgama quente,

Dos sonhos noturnos.

Poema...

Razão que se confunde

Doçura ardente

Em noites insones...

Paradoxo, delírio...

Entrega, soluço, devaneio.

É tarde...

E nem percebemos na noite

Essas palavras inertes

Que em tudo transbordam

A dor circunstante

Que não se atenua...