Erva Daninha

Segure então a respiração!

O coração acelera

e mais forte bate,

fazendo o sangue

levar à mente

os torpores e desejos.

(Queima o dedo)

Apague, pois, o fogo desfumaçado

que só teima em separar

as cinzas de seu cemitério.

Enquanto segundos são eternos

e meu pensamento, rápido, se esvai,

desfaleço em meu leito

e, de minha boca, nada sai.

Sogno strano bacio amico;

lavo, enfim, minh'alma esquálida.

Vou além da dor humana

no campo de ervas cálidas.

Etéreos sons que me ensurdecem,

que me acrescem

sábias visões heterogêneas.

A onda quebra

espumosa na areia.

Sobe e desce a maré.

Em meu mar de elucubrações,

estou preso ao que fui.

Doce voz humana chama.

Na candura e no sorriso;

na pureza de quem ama.

Teu sorriso alvo e ávido

corta meu maldito amor,

na pecaminosa sede impávida.

Da cama ao chão,

me vou.

Me entorpeço no espasmo

da veia frívola,

como a serpente,

que meu pescoço abraça

e com veneno me sufoca.

É suave dor de Morte.

É instante que não morre.

Sou eu que vou no fluxo

da miragem sem oasis.

É a névoa que alveja

minha razão e meu sentir.

É tudo que se pode ser

somente por existir.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 10/04/2009
Código do texto: T1532101
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