INSTANTES

Todos os dias, vivo o agora

como se o fora desde sempre.

O amanhã é uma memória

tão imprecisa quanto ausente.

Bom seria se a cada instante

um riso invadisse minha face

e a cada segundo, ao semblante

obscuro, um brilho adentrasse.

Se a cada instante, por menor

que seja, a alma fosse um mar

maior que o céu e, todo o sol,

um brilho contido em um só olhar.

Ah! Todos os dias passarão...

Como os ribeiros, toda a vida

deslizará por entre as mãos

ainda lisas... Divididas...?

E o tempo vagante a roer

cada semblante, cada olhar...

e olhamos, em volta do rio,

as pedras, secas, ao ocaso,

e ao rosto, o pleno desvario.

Júlio Miguel
Enviado por Júlio Miguel em 10/04/2009
Código do texto: T1532779
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.