Eu confesso
Confesso que errei
Não fui perfeito o bastante para acertar sempre
Nem fui homem o bastante pra dizer adeus na hora certa
E calei diante minha fragilidade de ser
Confesso que pequei
Beijei mil bocas mal beijadas e com falta de amor
Murmurei mentiras apaixonadas em ouvidos diversos
E, depois, calei diante minha iniqüidade sorrateira
E assim sigo rachado, cortado ao meio em meio a vida
Como a linha do horizonte: meio céu, meio terra, meio paz, meio guerra
Minha culpa é sigilosa
E em mim oculta me segue pelas ruas da cidade
Curvo os ombros
Olhos pro chão
E as mãos nos bolsos; brancas e sujas de atos
Confesso que ainda vivo
E o que me restam são letras, palavras e suas concordâncias
Me escrevo, descrevo e creio que sou falho
Mas acerto na medida em que reconheço meus passos mal passados