Eu confesso

Confesso que errei

Não fui perfeito o bastante para acertar sempre

Nem fui homem o bastante pra dizer adeus na hora certa

E calei diante minha fragilidade de ser

Confesso que pequei

Beijei mil bocas mal beijadas e com falta de amor

Murmurei mentiras apaixonadas em ouvidos diversos

E, depois, calei diante minha iniqüidade sorrateira

E assim sigo rachado, cortado ao meio em meio a vida

Como a linha do horizonte: meio céu, meio terra, meio paz, meio guerra

Minha culpa é sigilosa

E em mim oculta me segue pelas ruas da cidade

Curvo os ombros

Olhos pro chão

E as mãos nos bolsos; brancas e sujas de atos

Confesso que ainda vivo

E o que me restam são letras, palavras e suas concordâncias

Me escrevo, descrevo e creio que sou falho

Mas acerto na medida em que reconheço meus passos mal passados

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 15/04/2009
Reeditado em 16/04/2009
Código do texto: T1540884